Após nove anos de criação, o Banco do Brasil desviou-se de sua missão original durante a Guerra do Paraguai (1864), emitindo papel-moeda para custos militares. O senador Silveira da Motta (GO), contrário a essa decisão de cunho político, propôs a mudança visando criar um banco hipotecário para servir melhor ao comércio, indústria e, em especial, à agricultura.
HISTÓRIA
O Banco do Brasil, a instituição financeira mais antiga do Brasil, tem uma história rica e complexa que remonta ao século XIX.
A sua criação foi uma resposta à necessidade de um sistema bancário nacional sólido para impulsionar a economia do Império e suprir as deficiências do sistema financeiro da época.
No ano de 1853, o imperador D. Pedro II convocou o Parlamento para criar um banco nacional, buscando dar vida às operações comerciais e industriais. O pedido foi atendido rapidamente, com a aprovação de um projeto de lei que resultou na fundação do Banco do Brasil.
No entanto, a criação do Banco do Brasil gerou debates e discordâncias. Alguns senadores argumentaram que o banco deveria oferecer mais apoio à agricultura, enquanto outros expressaram preocupações sobre a influência política e econômica da instituição.

GUERRA DO PARAGUAI
Onze anos após a sua criação, o Banco do Brasil se desviou da missão original quando explodiu a Guerra do Paraguai, em 1864. O governo imperial precisou recorrer a ele para fazer frente aos elevados gastos militares que inesperadamente surgiram. Para dar conta da nova demanda, o banco se viu obrigado a fazer grandes emissões de papel-moeda.
Com a Guerra do Paraguai em curso, em 1866 o governo imperial decidiu tirar do Banco do Brasil a incumbência de fazer emissões, transferindo-a para o Tesouro. Dessa forma, buscou baixar os juros dos empréstimos governamentais decorrentes da guerra.
Tal mudança se fez por meio de um projeto de lei aprovado pelo Senado e pela Câmara. O autor da proposta foi o senador Silveira da Motta (GO), para quem o banco deveria ter outra missão:
— O meu pensamento principal é dar um corretivo aos inconvenientes que o Banco do Brasil tem manifestado como banco de circulação e, ao mesmo tempo, substituir esse banco por uma instituição que o país mais altamente reclama, a de um banco hipotecário. Assim, ele poderá servir mais eficazmente à indústria principal do país, que é a lavoura, oprimida pela falta de capitais que a alimentem para o futuro e sob a pressão dos pagamentos das dívidas que a oneram.
Embora continuasse grande, o Banco do Brasil perdeu a importância política e, na prática, tornou-se um banco comercial como qualquer outro. Nos empréstimos aos latifundiários, de acordo com historiadores, aceitava pessoas escravizadas como garantia — prática bancária comum no Império.

Por Vander Lúcio Barbosa – Fonte: Biblioteca Senado da República – Imagens: Divulgação Internet