
Vivemos uma era em que a aparência muitas vezes suplanta a essência. Dois exemplos simbólicos desse tempo são os bebês Reborn e os veículos modernos cada vez mais revestidos de plásticos. À primeira vista, podem parecer assuntos desconectados, mas ambos nos levam à mesma reflexão: o valor da forma sobre o conteúdo.
Os bebês Reborn são impressionantes obras do artesanato contemporâneo. Reproduzem com perfeição cada detalhe de um recém-nascido: o tom da pele, os fios de cabelo implantados um a um, a expressão sonolenta, o peso, até mesmo pequenas veias. Eles despertam emoção, cuidado, apego. Mas são, essencialmente, simulações da vida — bonecos altamente realistas, porém inanimados. Seu propósito não é enganar, mas criar uma ilusão reconfortante de presença, afeto e companhia.
Do mesmo modo, os carros modernos também apostam na ilusão. Muitos dos modelos atuais — mesmo os mais caros — abandonaram o metal em partes significativas da carroceria e do interior, substituindo-o por plásticos de aparência sofisticada. Painéis em black piano, parachoques vistosos, molduras brilhantes e linhas agressivas escondem uma estrutura, por vezes, mais simples e econômica. A solidez dá lugar à estética. A robustez, à sensação de tecnologia. E o consumidor, como quem embala um Reborn, muitas vezes se encanta com a imagem mais do que com a substância.
O ponto em comum entre esses dois mundos é a busca por uma experiência visual e emocional imediata, mesmo que ela não esteja necessariamente ligada à funcionalidade, à durabilidade ou à verdade do objeto.
Ambos nos fazem pensar sobre os caminhos que escolhemos para lidar com nossas expectativas. Será que preferimos a beleza aparente à profundidade real? A emoção do instante à solidez do tempo? No fundo, talvez os Reborn e os carros plásticos nos digam mais sobre nós mesmos do que imaginamos.
Junte-se aos grupos de WhatsApp do Portal CONTEXTO e fique por dentro das principais notícias de Anápolis e região. Clique aqui.