O Brasil gasta cinco vezes mais com doenças causadas pelo fumo do que a indústria do tabaco lucra, um desequilíbrio alarmante que o Ministério da Saúde busca combater.
Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revela que, para cada R$ 1 de lucro da indústria do tabaco, o Governo Federal desembolsa R$ 5 para tratar doenças relacionadas ao fumo. Esses dados foram divulgados no Dia Mundial Sem Tabaco, reforçando o compromisso do Ministério da Saúde em proteger a população. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou que o combate ao cigarro é uma responsabilidade coletiva, visto que o tabagismo sobrecarrega o SUS e afeta a economia ao reduzir a capacidade de trabalho.
Ajuda disponível
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem intensificado o apoio à cessação do tabagismo. Entre 2022 e 2024, as terapias cognitivo-comportamentais pelo SUS quase duplicaram, saltando de 42,3 mil para 83 mil atendimentos. Houve também aumentos significativos em atividades coletivas, visitas domiciliares e consultas clínicas. Essa expansão reflete o fortalecimento das ações de prevenção e tratamento na Atenção Primária à Saúde, com foco no cuidado humanizado e apoio psicológico.
Impacto financeiro
O estudo do Inca detalha que, em 2019, cada R$ 0,156 milhão de lucro das empresas de tabaco no Brasil correspondia a uma morte por doenças cardíacas isquêmicas, AVC, DPOC ou câncer de pulmão atribuíveis ao tabagismo. O custo direto e indireto equivalente a uma morte por essas doenças foi de R$ 0,361 milhão e R$ 0,796 milhão, respectivamente. Ou seja, para cada R$ 1 de lucro da indústria, o Brasil gasta 2,3 vezes esse valor com custos diretos de tratamento e 5,1 vezes com o custo total das doenças. No geral, o país gasta R$ 153,5 bilhões por ano com os danos do tabagismo, o que corresponde a 1,55% do PIB. A arrecadação de impostos do setor, de apenas R$ 8 bilhões em 2022, cobre uma ínfima parcela desses custos.
Vapes preocupam
Apesar de proibidos no Brasil desde 2009, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), ou vapes, continuam a atrair jovens, conforme alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). A campanha “Sem Cigarro, Mais Vida” do Ministério da Saúde foca nesses produtos, especialmente entre a faixa etária de 18 a 24 anos, onde a prevalência de uso é maior. A Anvisa reforçou a proibição da comercialização, importação e propaganda dos DEFs em 2024, protegendo a saúde pública e as novas gerações.
Brasil modelo
O Brasil é reconhecido internacionalmente por suas políticas de controle do tabaco, sendo um dos poucos países a reduzir drasticamente o consumo através de ações firmes. Desde os anos 1980, o Ministério da Saúde, via Inca, coordena iniciativas como a proibição de publicidade e campanhas educativas. O país foi reconhecido na 78ª Assembleia Mundial da Saúde pela inclusão de impostos saudáveis na Reforma Tributária, que incidem sobre produtos como o tabaco, reforçando a ideia de que a tributação elevada salva vidas ao reduzir o consumo, especialmente entre os mais jovens.
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