Nos últimos anos, a internet transformou pequenos deslizes em grandes espetáculos de vergonha alheia. Basta uma gafe ao vivo, uma opinião mal colocada ou até um look questionável para que a máquina do julgamento popular entre em ação.
O que antes ficava a rodinhas de conversa ou aos programas de TV de fim de noite, hoje se espalha como fogo em palha seca nas redes sociais. E o mais curioso? Até a chamada grande mídia não só embarca nessa onda, mas joga lenha na fogueira.
Os portais de notícias, que deveriam se concentrar em informar, muitas vezes agem como verdadeiros patrocinadores desse circo. Matérias sobre influenciadores sendo cancelados, celebridades que tropeçam nos próprios discursos e momentos constrangedores de políticos ganham destacadas manchetes, tudo para garantir cliques, compartilhamentos e engajamento. Não importa se o episódio é irrelevante ou se a exposição pode prejudicar alguém—o que vale é o espetáculo e a audiência garantida.
A imprensa percebeu que o público tem sede de conteúdo fácil, de histórias que gerem memes e discussões intermináveis. E como resultado, temos um mundo onde a vergonha alheia se tornou entretenimento oficial. Não basta errar—tem que errar publicamente, ser julgado e virar assunto por dias. O pior é que muitos caem nessa armadilha e acabam assumindo o papel de protagonistas desse teatro involuntário.
No fim das contas, o consumo desenfreado desse tipo de conteúdo revela mais sobre nós do que sobre os que protagonizam as gafes. Será que estamos apenas rindo ou nos tornando cúmplices de uma cultura que vive de expor e ridicularizar a suposta vítima? Entre um clique e outro, vale a pena refletir se estamos apenas assistindo ao espetáculo ou ajudando a produzi-lo.
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